O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) rebateu a informação de que o ministro da Justiça, Flávio Dino, entrará com processo contra ele por racismo e quebra de decoro. O congressista disse que não foi racista e que o processo é um “golpe baixo de quem não tem argumentos”.
Dino decidiu processar Eduardo depois de o deputado afirmar, sem provas, que o ministro tem “envolvimento” com o crime organizado por uma agenda no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Dino criticou as declarações e repudiou a forma como o filho de Jair Bolsonaro (PL) associou moradores da periferia ao crime.
“Em nenhum momento fui racista. Isso é golpe baixo de quem não tem argumentos. Questionar presença de MJ em território dominado pelo tráfico sem forte aparato policial, sem imprensa, cuja notoriedade nas redes só foi dada depois, é dever do deputado. O que o MJ foi fazer lá?”, disse Eduardo.
Na 4ª feira (15.mar.2023), Eduardo citou uma agenda de Dino no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e questionou o esquema de segurança simples. O ministro compareceu ao lançamento de um boletim sobre violência e encontrou lideranças comunitárias no local.
“Flávio Dino, o ministro que entra na Maré, complexo de favelas mais armado do Rio, com apenas dois carros e sem trocar tiros”, escreveu Eduardo, afirmando que Dino seria convocado pela Comissão de Segurança Pública da Câmara para “explicar o nível de envolvimento dele e seu chefe, Lula, com o crime organizado carioca”.
Em resposta, Dino afirmou não ter “medo de milicianinhos”. No Twitter, escreveu: “Soube que representantes da extrema-direita reiteraram seu ódio a lugares onde moram os mais pobres. Essa gente sem decoro não vai me impedir de ouvir a voz de quem mais precisa do Estado. Não tenho medo de gritos de milicianos nem de milicianinhos”.
Segundo Dino, a princípio, ele não cogitou acionar a Justiça por considerar que o filho de Bolsonaro “não merece muita atenção”. No entanto, afirmou ter refletido sobre à agressão a milhares de pessoas que “só por serem pobres, estão sendo estigmatizadas de modo vil e covarde”.
“Em 1º lugar, há racismo. Além disso, há quebra de decoro, porque é uma mentira deslavada que fui me reunir com os chefes do tráfico. A outra mentira delirante é que estava sem proteção policial”, disse em entrevista ao portal UOL.
Dino afirmou haver crimes contra a honra que estão sendo analisados e que serão utilizados como provas das acusações. O ministro criticou a associação que o deputado federal fez com moradores de regiões pobres ao crime.
“Essa gente vai em campanha eleitoral à favela da Maré e a outras pedir voto. Depois, diz que quem vai lá é amigo de bandido, como se todos os moradores fossem bandidos. Isso é execrável, hediondo, asqueroso. É inadmissível”, declarou. (Poder 360)